Saúde Mental e Trabalho: existe conciliação?

Out 31, 2024

Com o aumento de casos de burnout, estresse, ansiedade e depressão, as organizações são desafiadas a criar espaços de trabalho que atendam às demandas econômicas, mas sem que o custo seja a saúde das pessoas.

Nesta edição, você vai descobrir como o trabalho pode ser tanto uma fonte de realização quanto de sofrimento, entender mais sobre o burnout e criar estratégias para enfrentar esse fenômeno que também pode se tornar um desafio para você.

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Saúde Mental é a capacidade de amar e trabalhar 

Para Freud, a saúde mental é a “capacidade de amar e trabalhar”. Essas são as duas grandes áreas na vida de um ser humano adulto: o amor traduzido nos afetos, amigos, família e erotismo. E o trabalho traduzido na profissão, no dinheiro, na classe social, na produção e no consumo.

Desse modo, não é possível falar sobre Saúde Mental sem incluir o trabalho tanto por sua dimensão objetiva (organização, condições, recompensas, etc.) quanto por sua dimensão subjetiva (significado, satisfação, reconhecimento).

Mas, qual é o real impacto do trabalho em nossas vidas? 

Trabalho é toda atividade que transforma a natureza e tem como objetivo atender às necessidades humanas – físicas ou intelectuais. E o mais importante: enquanto trabalhamos nós nos transformamos

Por meio desse processo interativo entre trabalhar e se transformar, construímos nossa identidade. Ou seja, cada um de nós se torna quem se é por meio daquilo que se faz como trabalho. E isso pode representar tanto fonte de realização pessoal quanto de sofrimento.

3 lições sobre realização e sofrimento

  1. Se saúde mental é a capacidade de amar e trabalhar, a doença mental é a incapacidade de viver plenamente o amor e o trabalho: é o próprio amor e/ou o trabalho que se apresentam com problemas. Assim, é preciso procurar na própria dinâmica entre a vida e o trabalho como as dificuldades foram geradas.
  2. A capacidade de trabalhar interfere diretamente na capacidade de amar e vice-versa: quando estamos incapacitados para o trabalho, nossa capacidade de amar também é comprometida porque o amor e o trabalho são partes de um mesmo sistema que compõe a própria vida humana. 
  3. O indivíduo não se realiza em si mesmo; ele se constrói na interação com o outro: a saúde mental é a capacidade de construir a si próprio, produzindo e reproduzindo a si e a todos à nossa volta em alguma medida. Quando se perde o vínculo com o outro, percorre-se um caminho rumo ao sofrimento mental.

Aproximadamente 15% da população economicamente ativa do mundo já sofreu de algum transtorno mental, e essas condições resultam em uma perda de produtividade global de aproximadamente 1 trilhão de dólares por ano.

Burnout: a síndrome da exaustão

Burnout é um transtorno caracterizado pela exaustão emocional, despersonalização e um senso reduzido de eficácia profissional, que surge como resposta à exposição prolongada ao estresse crônico no trabalho. 

Embora os sintomas apareçam de forma individual, o burnout não é um problema exclusivamente pessoal e sim resultado das condições do ambiente de trabalho, como excesso de demanda, falta de reconhecimento, clima tóxico e falta de suporte adequado.

Em outros termos, o burnout é desencadeado pela percepção de incapacidade para lidar com os problemas do trabalho. Ocorre quando alguém sente que o esforço é inútil, e acaba perdendo o sentido da relação com o próprio trabalho, e é mais comum entre trabalhadores que atuam diretamente com outras pessoas, como é o caso de professores e profissionais da saúde. 

É importante destacar que o burnout foi oficialmente reconhecido pela OMS como um fenômeno ocupacional, não como uma condição médica, o que significa que seu tratamento requer uma mudança estrutural e cultural no ambiente de trabalho. Ou seja, é preciso abordar as causas raízes dentro das organizações e nas dinâmicas de trabalho.

Sinais de Alerta

Os sintomas de burnout podem variar, mas os mais comuns incluem:

  • Exaustão emocional: sensação de esgotamento físico e mental, mesmo após períodos de descanso, com queixas de cansaço, dificuldades de adaptação e falta de energia para lidar com as tarefas;
  • Cinismo e distanciamento: atitudes negativas ou indiferentes em relação ao trabalho, colegas ou clientes, além de irritabilidade, perda de idealismo e evitação interpessoal;
  • Diminuição da realização pessoal: falta de satisfação, sensação de que o esforço no trabalho não tem impacto significativo, e dúvidas sobre a capacidade de realizar o próprio trabalho.

Como criar modos e ambientes saudáveis de se trabalhar?

Estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que ambientes de trabalho que promovem o bem-estar mental podem reduzir o absenteísmo, melhorar a produtividade, aumentar a motivação da equipe e minimizar o conflito entre colegas. 

Apesar disso, os esforços das organizações para promover uma melhor relação entre trabalho-trabalhador-saúde mental seguem abaixo das expectativas. O artigo “Burnout: A Review of Theory and Measurement” traz estratégias de intervenção com foco em diferentes níveis e que podem ajudar você a levar esse debate para a sua realidade e a da sua organização:

  • Na estrutura organizacional: aprimoramento de conteúdos e estações de trabalho (redesenho do trabalho e redução de estressores); humanização dos horários de trabalho e planos de equilibrio vida-trabalho; desenvolvimento da liderança (para promover estilos de liderança autêntica, transformacional e servidora); uso de recompensas e incentivos não financeiros; programas de boas-vindas; monitoramento de burnout e fatores de risco, com elaboração de planos personalizados; e institucionalização do Serviço de Saúde e Segurança Ocupacional;
  • Nos processos de trabalho: autogerenciamento de tempo e reconfiguração do trabalho feita pelo próprio trabalhador que significa modificar e negociar conteúdo do trabalho para se ajustar aos seus conhecimentos, habilidades, preferências e necessidades.
  • No apoio aos colaboradores: treinamentos e intervenções preventivas; criação de grupos de apoio; e oferta de mentoria
  • Na prática individual: incentivo à prática de exercícios físicos, mindfulness, automonitoramento e psicoterapia. 

Perceba que não existem soluções simples e não se pode esperar que sozinho se consiga encontrar alternativas efetivas para o burnout. Essa busca é uma responsabilidade compartilhada entre pessoas e organizações.

E se você ou sua organização precisam de apoio nesse movimento em prol da saúde mental, a Campos Futuros oferece soluções de mentoria para apoiar o desenvolvimento integral das pessoas e a estruturação de ambientes e culturas organizacionais mais saudáveis. Descubra!  

🌟#inspiração

“É o trabalho que está doente e não as pessoas. Nossas formas de trabalhar hoje estão adoecidas e isso tem reverberado nas pessoas. A gente também não pode desconsiderar outras dimensões da vida, mas o trabalho é um elemento central.” – Bruno Chapadeiro Ribeiro, psicólogo e professor.

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Colaboro com o desenvolvimento de Inteligência Humana para promover novas consciências e formas de se construir um novo mundo.

ELZÍ CAMPOS

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